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O fenômeno das novelas verticais: clichês, ganchos e milhões de views

Atualizado: 21 de out.

As séries em formato vertical estão transformando o mercado do entretenimento digital. Com tramas simples que giram em torno de bilionários, CEOs, lobisomens, vampiros — ou a mistura de todos — esses episódios curtos, de até dois minutos, conquistaram uma audiência global gigantesca.


A produção cresce em ritmo acelerado: só em Los Angeles, estima-se que entre 30 e 40 novos projetos sejam filmados a cada mês. O Brasil, hoje o terceiro maior mercado mundial desse tipo de conteúdo, já começa a receber produções locais.

“Estamos acompanhando essa tendência de perto”, afirma Luciano Romanieli, produtor executivo da Cine8 Filmes — que atua nesse segmento desde 2024 e já soma duas novelas verticais em seu portfólio.


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A primeira, Minhas Versões de Amor, estreou em julho de 2024 na CineCaju, plataforma brasileira com capital chinês. O maior destaque, no entanto, foi De Volta ao Jogo, produzida em agosto de 2025 para a Reelshort, que ultrapassou 50 milhões de visualizações em apenas um mês.


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Criado na China por volta de 2020, o formato surgiu como vídeos promocionais de histórias de webficção e rapidamente evoluiu para séries completas, impulsionadas por um público fiel. Os enredos mais populares seguem duas linhas: contos de fadas voltados ao público feminino e narrativas de vingança ou superação para o público masculino.


Segundo Emanuel Orengo, diretor de novelas verticais da Cine8 Filmes, o segredo está no impacto inicial. “Se os três primeiros minutos não forem arrebatadores, você perde o espectador. Chamamos isso de ‘os três de ouro’”, explica. É o gancho inicial que define se o público desliza para o próximo conteúdo ou se mergulha na maratona de episódios.


O formato também recebe diferentes rótulos — mobisódios, microdramas, dramas verticais, microsséries ou short dramas. Mas todos têm algo em comum: episódios curtos, pensados para o consumo em celulares e já incorporados à rotina de milhões de espectadores. São novelas verticais desenhadas para maratonar. Mesmo com pouco tempo livre, o público consegue assistir a vários episódios seguidos. Trata-se de um novo tipo de binge-watching: rápido, dinâmico e perfeitamente adaptado ao ritmo atual.



Na monetização, as plataformas se afastam dos modelos tradicionais de assinatura. O mais comum é o formato freemium: os primeiros episódios são gratuitos e os demais só podem ser desbloqueados com moedas ou créditos virtuais comprados dentro do app. Algumas plataformas apostam em publicidade ou modelos híbridos, oferecendo a remoção de anúncios mediante um pagamento único. Essa lógica gamificada transforma atenção em receita, com forte apelo junto às audiências nativas digitais.


Do ponto de vista financeiro, o modelo também é atraente. Com custos de produção bem menores que os de projetos de longa duração, as microproduções trazem retorno rápido, especialmente quando combinadas a publicidade e assinaturas. O movimento ainda abre novas oportunidades para o mercado anunciante, atento a um público jovem e altamente conectado.


A expectativa é que o streaming vertical se consolide como uma indústria paralela ao cinema tradicional. “Mais cedo ou mais tarde, isso vai se tornar definitivo”, aposta Romanieli.


A força desse consumo chamou atenção não apenas das novas plataformas, mas também de gigantes tradicionais da comunicação, como a Rede Globo. A emissora, conhecida por ditar tendências na televisão brasileira, já se movimenta para experimentar narrativas seriadas nesse novo formato, entendendo que o público jovem, nativo digital, enxerga o celular como a principal tela de entretenimento.


Mais do que uma moda passageira, os microdramas verticais apontam para o futuro da indústria: histórias curtas, envolventes e acessíveis, pensadas para um público que valoriza velocidade, emoção e conveniência.


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